Fratura Femoral Multifocal em Cão com Envolvimento da Metáfise, Diáfise e Região Intercondilar

  • Autor
  • Luca Teixeira Bitazi Bonilha
  • Co-autores
  • Yasmin Silva do Nascimento , Rogério Lopes da Fonseca
  • Resumo
  • O fêmur é o maior dos ossos longos, desempenhando funções de locomoção e suporte de peso. As fraturas femorais são comuns na clínica de pequenos animais, sendo a maioria de origem traumática. Contudo, casos com múltiplos focos de fratura envolvendo simultaneamente regiões distintas do fêmur são menos frequentes e representam um desafio para o planejamento cirúrgico e a estabilização adequada do membro afetado. Diante disso, objetiva-se relatar a conduta cirúrgica em um cão com fratura multifocal envolvendo metáfise, diáfise e região intercondilar do fêmur. Foi atendido no Hospital Veterinário Amparo, em Brasília, um cão SRD, macho, castrado, 1 ano, 13,9kg, apresentando claudicação aguda e impotência funcional do membro pélvico direito após trauma ocorrido entre os dias 05 e 06/06/25. Após radiografia, foi constatada fratura femoral com 3 linhas de fratura envolvidas, uma oblíqua metafisária, outra intercondilar (intra-articular) e outra com componente diagonal próximo-distal diafisário no fêmur direito. Em 07/06/25, o paciente foi encaminhado para cirurgia de osteossíntese femoral. O acesso cirúrgico foi feito, com o paciente em decúbito lateral esquerdo, por meio de incisão lateral ao longo da borda craniolateral da diáfise, se estendendo até a porção distal do fêmur. Após a divulsão dos tecidos, foram utilizados dois afastadores Gelpi para retrair caudalmente a musculatura do bíceps femoral e cranialmente a musculatura do vasto lateral, permitindo a exposição da diáfise e porção distal do fêmur. Inicialmente, foi realizada a estabilização da fratura intracondilar para correção da instabilidade articular, com a fixação de dois parafusos compressivos (lag). Em seguida, foi feito o realinhamento das fraturas oblíqua metafisária e diagonal próximo-distal diafisária, com dois fios de cerclagem e duas pinças clamp de fixação óssea. Após a redução da fratura, foi colocada uma placa de reconstrução na extensão da fratura, desde a diáfise proximal até a porção distal do fêmur. A placa reconstrutiva foi fixada com 6 parafusos bloqueados 2,7mm. As musculaturas e fáscias foram suturadas com padrão festonado, utilizando fio absorvível sintético 4-0, poliglecaprone 25 (Bioline®). Com o mesmo fio, a síntese subcutânea foi feita com padrão simples contínuo, seguido de sutura intradérmica. A pele foi aproximada com fio nylon 5-0, em padrão simples interrompido, totalizando 2h30min de cirurgia. Após o procedimento, foi realizada bandagem ortopédica Robert Jones para estabilização por duas semanas. O paciente recuperou progressivamente a postura fisiológica em estação e marcha com cerca de 20 dias de pós-operatório. Apesar da fisioterapia não ter sido iniciada, o paciente evoluiu positivamente, com boa recuperação funcional até o momento. O caso evidenciou a importância do planejamento cirúrgico adequado, visto que a literatura especializada descreve abordagens semelhantes, que variam técnicas cirúrgicas de acordo com a complexidade e especificidade das fraturas femorais, demonstrando a relação direta entre a fixação escolhida, o desfecho e as lições que são tiradas em cada evento. A osteossíntese relatada permitiu boa recuperação funcional, demonstrando a eficácia da abordagem adotada para estabilização e retorno progressivo da função do membro afetado.

  • Palavras-chave
  • Fêmur, fratura, intercondilar, metafisária, osteossíntese
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